No Dia Internacional da Mulher, reclamamos por maior igualdade entre rapazes e raparigas nos brinquedos e nas brincadeiras!
No dia 8 de Março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, marco fundamental na longa história de luta e construção de uma sociedade mais igualitária entre mulheres e homens, nos vários papéis que cada um desempenha na sociedade: trabalhadores, cidadãos, cônjuges, pais.
O caminho para uma efectiva igualdade de direitos entre homens e mulheres é longo, e enfrenta os primeiros obstáculos logo na infância – apesar da Convenção sobre os Direitos das Crianças prever a não discriminação por sexo – nomeadamente na imposição às crianças de brinquedos e brincadeiras profundamente marcados pelas diferenças entre sexos. Nas cadeias de lojas de vendas de brinquedos (e respectivas páginas de internet), tal como nas campanhas publicitárias das marcas de brinquedos, encontram-se definidos claramente quais os “brinquedos de menina” e os “brinquedos de menino”, devidamente coloridos com o cor-de-rosa e o azul, respectivamente.
Nos brinquedos “de menina”, encontramos sobretudo produtos ligados à maternidade, às tarefas domésticas, à moda, à maquilhagem, e nos brinquedos “de menino”, aqueles relacionados com as construções, com o bricolage, com os transportes, com o desporto, a força e a acção. O estereotipo das brincadeiras por sexo – procurando adaptar objectos da vida adulta às crianças, atribuindo-lhes uma cor e um “selo” a cada sexo -, é expressão da concepção do tipo de papéis sociais a desempenhar por mulheres e homens na idade adulta, que sociedade ainda procura veicular e reproduzir.
Criam-se, assim, enormes pressões para que as crianças se cinjam às brincadeiras que as empresas determinam corresponderem a cada um dos sexos, limitando ou impedido que os mais novos se expressem de forma autêntica e desenvolvam todas as suas potencialidades – nomeadamente quando um menino que gosta de brincar com bonecas ou uma menina que só quer é jogar à bola. No longo prazo, estas concepções procuram afirmam que há profissões que são inacessíveis a mulheres ou homens, e que há tarefas (por exemplo, as domésticas) que são da exclusiva responsabilidade de um dos sexos.
Em conjugação com a manutenção de desiguais oportunidades no espaço escolar (nomeadamente na prática desportiva), com a utilização de materiais pedagógicos (manuais escolares) que veiculam concepções estereotipadas de homem e de mulher e representações do mundo desfasadas da realidade social, e com a ausência da educação para a cidadania e, em concreto, para a igualdade, a associação das brincadeiras ao sexo feminino e masculino reproduz, desde cedo, as desigualdades entre homens e mulheres.
Assim, no Dia Internacional da Mulher, os monitores da Associação “Os Pioneiros de Portugal”, reunidos em plenário, clamam pelo fomento de uma efectiva igualdade entre mulheres e homens desde a infância, quer ao nível da educação e da escola, quer ao nível das brincadeiras e da ocupação dos tempos livres.